2011-10-23

AMARÁS O SENHOR TEU DEUS... E AO PRÓXIMO

Domingo XXX - Tempo Comum

Esta passagem do evangelho me recorda muitas outras passagens da sagrada escritura onde Jesus apresenta o caminho da perfeição do homem não com exigências superiores às suas forças e capacidade de entendimento, mas sim, com as realidades que estão ao alcance de todos. Cristo nos manifesta este amor, estando junto do Pai, vem ao encontro do homem caído no mistério do pecado. Cada ser humano tem diante de si este caminho a percorrer. O que implica saída do que é fácil e natural, para entrar na dinâmica das exigências do Reino, reconhecendo a grandeza de Deus manifestada nas suas obras, especialmente na redenção da humanidade e ser solidário para com os irmãos. Na verdade, estas duas máximas de Jesus estão bem interligadas e resumem toda a lei, tudo o que faz parte do agir humano.
Quando o homem aposta nesse amor coerente acontece o Pentecostes em cada coração e na própria Igreja, como nas primeiras comunidades cristãs, onde os apóstolos cheios de espírito Santo, abriram as portas do coração e foram ao encontro dos irmãos, comunicaram com firmeza as maravilhas de Deus, e juntaram-se a eles grande número de homens e mulheres, porque as palavras e a vida desses homens eram um testemunho verdadeiro do amor a Deus e aos Irmãos.


Autoria deste texto:
Missionárias do Espírito Santo, Itoculo

2011-09-01

Domingo XXIII - Tempo Comum

A liturgia deste domingo sugere-nos uma reflexão sobre a nossa responsabilidade face aos irmãos que nos rodeiam. Afirma, claramente, que ninguém pode ficar indiferente diante daquilo que ameaça a vida e a felicidade de um irmão e que todos somos responsáveis uns pelos outros

A primeira leitura fala-nos do profeta como uma “sentinela”, que Deus colocou a vigiar a cidade dos homens. Atento aos projectos de Deus e à realidade do mundo, o profeta apercebe-se daquilo que está a subverter os planos de Deus e a impedir a felicidade dos homens. Como sentinela responsável alerta, então, a comunidade para os perigos que a ameaçam.
A palavra de Deus anunciada, acreditada, posta em prática, faz nascer o povo de Deus, a Igreja de Deus. e cada membro deste povo, é, por sua vez anunciador, profeta, desta palavra de Deus. Por isso há-de anunciá-la com as suas palavras, se o puder fazer, mas sempre com a sua vida. Deste modo, cada filho da Igreja, é, ao mesmo tempo, construtor da Igreja.
Salmo 94(95)
O salmista convida cada um de nós, a louvar a Deus, o Rochedo que salva e dá segurança, exortando também a uma contínua fidelidade à sua palavra.

Segunda leitura: Rom.13, 8-10
Na segunda leitura, Paulo convida os cristãos de Roma (e de todos os lugares e tempos) a colocar no centro da existência cristã o mandamento do amor. Trata-se de uma “dívida” que temos para com todos os nossos irmãos, e que nunca estará completamente saldada.Toda a lei moral crista, toda a lei de Deus se resume na caridade que é o amor segundo Deus.Todos e cada um dos preceitos cristãos são aplicações concretas desta lei da caridade, que os envolve e os anima a todos.

Evangelho: Mt. 18, 15-20
O Evangelho deixa clara a nossa responsabilidade em ajudar cada irmão a tomar consciência dos seus erros. Trata-se de um dever que resulta do mandamento do amor. Jesus ensina, no entanto, que o caminho correcto para atingir esse objectivo não passa pela humilhação ou pela condenação de quem falhou, mas pelo diálogo fraterno, leal, amigo, que revela ao irmão que a nossa intervenção resulta do amor.
Esta passagem do Evangelho, nos exorta ainda a termos em vista a vida em Cristo, e a sabermos viver e resolver os problemas à luz de Deus e da Caridade.


Autoria deste texto:
Irmãs Religiosas do Sagrado Coração de Maria, Nacala

2011-07-24

A ALEGRIA DA OPÇÃO PELO REINO

Domingo XVII - Tempo Comum

1ª Leitura 1Reis 3,5.7-12
A primeira leitura nos apresenta o diálogo que Deus faz com Salomão um diálogo que dá alegria e esperança, um Deus amigo, um Deus muito perto das pessoas, um Deus que sempre toma por primeiro a iniciativa de ir ao encontro das pessoas. Ele está sempre perto de nós, mas de nós quer fidelidade.
Salomão faz esta experiência de Deus, por isso não se preocupa de si, mas do povo ao qual foi posto como chefe e guia. Ele experimenta a sua incapacidade e a sua pequenez de levar a frente a tarefa confiada e Deus que conhece os corações lhe dá o dom da inteligência e sabedoria para governar o povo que ele escolheu para sua herança.
Ainda hoje Deus se compromete connosco, esperando a nossa resposta “Eis que estou a porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo”. E será festa!
Com Deus no coração haverá festas, pois ele está presente, partilhando as nossas alegrias e os nossos sofrimentos.


 2ª Leitura Rom 8,28-30
Nesta leitura encontramos o resumo, da 1ª e do Salmo. Confirma como deveríamos ser nós cristãos: “sede santos porque eu o vosso Deus sou Santo”. se na verdade acreditássemos neste Jesus que nos ama mais do que todos não haveria lugar para tristeza e lentidão no nosso coração.
Amadas/os, escolhidas/os, predestinadas/os, por Deus “para sermos conforme a imagem do seu filho a grande amizade de Deus para as suas criaturas! Deus quer que sintamos e experimentemos a verdadeira irmandade com Jesus seu filho! Parece loucura! em quanto é o seu grande Amor para connosco, um Amor sem comparação nem limites.
“Deus amou de tal modo o Mundo de dar o seu próprio filho” qual é nossa resposta? 

 Evangelho de Mt 11,25
Num Mundo que nos atrai por caminhos fáceis, Jesus nos apresenta o novo sentido do discipulado, se apresenta como o Tesouro escondido, como pérola preciosa de descobrir e encontrar cada dia, numa descoberta sempre nova, por isso nos chama à radicalidade. É a urgência de Deus que se contrapõe à nossa lentidão de começar a caminhada, às vezes árdua e dura mas que abre as portas ao Reino.
Este Reino presente no meio de nós, mas que não sentimos dentro de nos pois nos falta a alegria de pertença a um Deus que nos ama e a Jesus Cristo que nos ensinou o caminho do amor. O Camponês encontrou o tesouro, o negociante a pérola, mas não param, tomam as suas a decisões e assumem as consequências a decisão é definitiva, “vender tudo” para comprar o campo e possuir a pérola.
A decisão é tomada sem meia medida, é algo que “Vale a pena” e é algo que nos fará sentir felizes!
A alegria que experimentamos é o ponto de partida para começar a ser “criatura nova” possuída por Jesus Cristo, e o Reino se faz presente!
É curiosa a perguntas de Jesus aos seus ouvintes “ Entenderam tudo isso?” a resposta foi “sim”: afirmativa. Para mim foi e é sempre uma pergunta que me faz reflectir, pois o Escriba é o mestre que deve ter em si a sabedoria de Deus, transmitir a palavra, para que os outros a possam entender, tudo isso não é fácil, pois somos frágeis, mas é na nossa franqueza que Deus actua em nós, fazendo-nos experimentar a alegria do Dom recebido em Jesus Cristo.
É preciso uma escolha radical e decisiva que oriente toda a nossa vida, com a esperança de poder possuir o verdadeiro Tesouro Jesus Cristo.

CONCLUSÃO
O verdadeiro discípulo é aquele que descobre o tesouro do Reino e se compromete com ele.
Como Salomão, peçamos ao senhor sabedoria, alegria e entusiasmo. E que o Espírito Santo nos guie e acompanhe na fidelidade a Deus em Jesus.


Autoria deste texto:
Irmãs Combonianas, Nacala

2011-07-14

A PACIÊNCIA DE DEUS

Domingo XVI - Tempo Comum

O encadeamento dos textos deste XVI domingo nos é iluminado pela 2ª leitura, quando São Paulo nos anima a confiar no auxílio certo do Senhor que vem a nós que somos fracos. Na oração devemos deixar espaço para Deus, pois Ele nos envia o Espírito Santo e  Ele sabe bem o que precisamos para vivermos neste mundo onde convive o bem e o mal.

O livro da Sabedoria vem nos confirmar que o nosso Deus é bom. Não é a força, a violência que o nosso Deus usa para com aquele que peca, mas o perdão, a misericórdia, a indulgência. Somos filhos deste Deus e quando pecamos, se nos arrependemos, Ele nos acolhe num abraço eterno de bondade.

Somente a vontade de viver no espírito e deixar-se conduzir por Ele é que vai nos ajudar a caminhar no seguimento do Senhor. Ele nos conhece e não usa  da força, usa da misericórdia.  Mas o dia do juízo virá e neste dia o Senhor fará a ceifa. Ele tem paciência connosco. Podemos ser este trigo que cresce no meio do joio, esta pequena semente de mostarda, a medida de fermento que leveda toda a massa. Com a Sua graça podemos ser fiéis, pois Ele é fiel.

Confiemos no Senhor que não nos abandona e é Pai Nosso, e Ele nos livrará dos nossos inimigos e das tentações. Amém



Autoria deste texto:
Filhas da caridade, Nacala

2011-07-06

SAIU A SEMEAR

Domingo XV - Tempo Comum

É surpreendente meditar na atitude pedagógica que Jesus nos apresenta no evangelho de hoje. “Saiu de casa” disponibilizou-Se para ir ao encontro de… e “sentou-Se à beira-mar” parece ser o primeiro a chegar, esperou… Teve a iniciativa de provocar o encontro, foi tão grande a multidão! “Sentou-Se no barco” - na cultura Macua as coisas sérias são tratadas quando todos estão sentados - a conversa era amigável e séria, repete com insistência: “escutai, quem tem ouvidos que oiça, muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes e não viram e ouvir o que vós ouvis e não ouviram. Vós portanto escutai o que significa a palavra do semeador.” A catequese naquele dia abordava a experiência dum povo, que perdura até aos nossos dias e que tece a vida do nosso povo aqui e agora.

“Saiu o semeador a semear.” Este é um dos maiores desafios para nós missionários. Jesus, o semeador por excelência, não seleccionou a multidão mas deu inicio à sementeira, lançou a semente que caiu em diversos terrenos. A quem dirigimos a nossa evangelização? Contudo sentimos que o protagonismo não está no semeador mas na semente/a Palavra de Deus, cuja eficácia está assegurada, embora também submetida à nossa liberdade de a aceitar, rejeitar ou asfixiar. Essa é a nossa responsabilidade, a nossa grandeza e a nossa miséria.

O bom terreno é o que ouve a palavra e a compreende, a assimila e permite que ela seja vida na sua vida e o seu fruto seja uma vida impregnada de Deus e das suas obras. “Quanto a vós, felizes os vossos olhos porque vêem e os vossos ouvidos porque ouvem!” 


Autoria deste texto:
Missionárias do Espírito Santo, Itoculo
 

2011-06-19

COMO MATTUWA

Domingo da Santíssima Trindade

Após a festa de Pentecostes, em que os discípulos receberam o sopro do Espírito Santo simbilozado pela língua do fogo e fez com que eles expandissem a Boa Nova de Jesus ressuscitado a toda multidão em várias línguas, hoje celebramos a festa da Santíssima Trindade. O mistério da Santíssima Trindade é o centro da nossa fé e da vida cristã, que não se pode entender pela intelegência mas que é acreditado pelos olhos da fé.

É um só Deus em três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo que se forma na base do Amor profundo e infinito. O Pai enviou Seu filho, Jesus Cristo, para salvar a humanidade, que se estragou pelos pecados. O Espirito Santo continua a manter a missão de Jesus no mundo segundo a vontade do Pai. Nesta fase, o que podemos dizer é que a Santíssima Trindade é o símbolo da comunhão perfeita e o ideal da comunidade cristã baseada no Amor. Pois Deus é amor (Muluku mpentho). Para entendermos melhor podemos servir-nos da linguagem cultural macua: podemos exprimir o sentido prático desta SS. Trindade como três pedras inseparáveis na cozinha que suportam a panela para que a comida seja cozida pelo fogo (mattuwa). A comunhão da SS. Trindade é representada culturalmente pelas três pedras (mattuwa) que trabalham unidas e ao mesmo tempo, colaborando umas com as outras a fim de alcançar o objectivo principal. Isto é: a salvação universal da humanidade. O amor é algo fundamental que basea e segura esta união da SS. Trindade. Este amor é Deus que se manifestou na morte de Jesus. A Sua morte insere o homem no mistério de Deus: Ele dá a vida porque ama; a morte de Jesus é consequência desse amor.

O evangelho de hoje nos faz ver não só que Deus caminha com o Seu povo e perdoa os seus pecados, mas mostra-nos que Deus supera e vence todos os limites próprios da condição humana, como a morte. Deus ama a todos, e o mundo. Este mundo pode significar toda a humanidade, capaz de aceitar ou rejeitar o Amor de Deus. Porém, olhando para a realidade do povo, de facto, o amor de Deus é muitas vezes recusado devido aos pecados humanos existentes na comunidade cristã e na sociedade: os divórcios na familia cristã, a violência doméstica que está a acontecer onde mulheres e crianças são vítimas disso. As alunas deixam a escola porque ficam grávidas, a corrupção que está a matar o povo simples. Se as fenómenos sociais são assim,  a pergunta é: onde está o amor de Deus? Será que ainda tem lugar para ele? Ou ainda existe o amor de Deus na família, na escola, na cultura e na política?

A chave para reflectir e resolver estes factos é voltar para a SS. Trindade que indica o Amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Estes três personagem unem-se numa comunhão inseparável. Com amor, a comunhão humana recupera os problemas familiares e sociais. Como mattuwa mantem o fogo acesso e junta as forças do fogo para dar calor e cozer bem a comida, assim também, a comunhão da SS. Trindade nos mostra o Espírito do amor, da reconciliação, da opção pelo povo simples e marginalizado e espírito de ajuda fraterna que realmente nos possa ajudar a viver segundo a Sua vontade.


Autoria deste texto:
Missionários do Verbo Divino, Monapo

2011-05-13

O BOM PASTOR

Domingo IV - Páscoa

As leituras do 4º Domingo do Tempo Pascal apresentam a experiência pessoal de Jesus com o Pai. Ele reconhece intimamente o amor do seu Pai e transmitiu-o à humanidade, como diz o Evangelho de São João 10,7: “Eu sou a porta das ovelhas”. Dizer que Jesus é a porta é o mesmo que dizer que é ele a única alternativa. Ele é o modelo de Bom Pastor. Na minha vida, na vida da comunidade, na vida da Igreja e na vida da sociedade, Ele não busca os seus interesses mas, pelo contrário, ele dá a sua própria vida para a salvação  de todos.

O Bom Pastor é aquele que conhece melhor cada uma das suas ovelhas, que  conhece a condição humana, que mostra o verdadeiro caminho às suas ovelhas, que tem coração de escuta, que tem um coração aberto e hospitaleiro, que tem coragem de falar a verdade no meio de inverdade. O bom pastor é aquele que cria um relacionamento recíproco, aquele que tem coração misericordioso e compassivo, para que todos tenham vida, e a tenham em abundância. Reflectindo no que está escrito em cima,  sentimo-nos encorajados e desafiados a ser bons pastores no nosso meio. Porém, as sombras do egoísmo desafiam-nos, impedem a generosidade para servir os nossos irmãos, e também nos sentimos fracos com estas limitações, e pedimos a nosso Senhor Jesus Cristo as graças da liberdade e da abertura para  podermos alcançar o projecto de Deus.


Autoria deste texto:
Irmãs Servas do Espirito Santo, Monapo